Foto cortesia de Film Inquiry. |
Olá, amigos e amigas. Tudo belezinha com vocês? Espero que sim... Hoje quero falar deste filme de 1962, que na época causou grande alvoroço, por alguns bons motivos. Primeiro, devo sim esclarecer que minha curiosidade à respeito dele teve dois gatilhos. Um deles sendo minha predileção por filmes de suspense. Outra, sendo a série Feud, do canal à cabo FX, que em 8 episódios, explanava o que se deu durante e após a gravação do filme, com as duas mega estrelas do cinema que o protagonizaram.
Então, vamos à ficha técnica. O livro de Henry Farrell, lançado dois anos antes, foi a base para o roteiro de Lukas Helller, que trabalhou algumas vezes em parceria com o diretor, Robert Aldrich. A idéia do filme teria partido de Joan Crawford, e teria sido ela a procurar o diretor para que ele o dirigisse. Segundo ainda a série Feud, teria sido dela a idéia de chamar sua rival nas telas, Bette Davis, para o papel título.
Com essas duas deusas da sétima arte no elenco, o resto seria fácil de se conseguir, não é? É, não foi bem assim. O diretor teve que pelejar um bocado para conseguir financiar o filme, pois, a aquela altura do campeonato, as duas estavam na casa dos cinquenta anos e, naquela época, somente os homens nesta idade conseguiam papéis de qualidade em Hollywood. As mulheres eram tratadas como rostos bonitos, mesmo qdo tinham o talento dessas duas damas, e as rugas meio que tiravam esse glamour. E, quem estamos tentando enganar? Muito pouco mudou, de lá pra cá.
Mas, o cinema estava atravessando a revolução de Alfred Hitchcock, e o gênero suspense estava em alta. Robert Aldrich conseguiu, assim, o financiamento. Apertado, é verdade, por que ninguém estava acreditando no sucesso do filme.
Ainda bem que ele foi feito! Além de Crawford e Davis, o filme contava com um excelente elenco de apoio, com nomes como Victor Buono, Maidie Norman e Anna Lee, para citar alguns. Norman já era uma atriz consagrada também, quando fez este filme, assim como Anna Lee. Victor teria uma carreira longa e próspera no cinema - era um comediante - depois dessa película.
Eu nunca tinha assistido a um filme de Bette Davis. E nem de Joan Crawford. Da segunda, assisti biópicos que foram sendo feitos com o passar dos anos, após sua morte. Ela era, segundo esses relatos, uma pessoa difícil de lidar. Mas, o que encontrei no filme foi uma mulher de mais de cinquenta anos, linda, agradável de se olhar, e de se ouvir, que se era a megera que pintam, é uma ótima atriz, pois me convenceu completamente da bondade de sua personagem. Há algumas falhinhas de atuação. Pernas paraplégicas se mexendo em algumas cenas, foi o que mais me chamou a atenção. Mas a gente esquece disso, diante da beleza e delicadeza que a atriz apresenta.
Bette Davis. Este encontro demorou para acontecer. Sou fã de Cyndi Lauper, e passei a infância ouvindo adultos da terceira idade dizendo que ela era bem parecida com a atriz. O que vi no filme foi uma atuação limpa, toda preparada para ser verdadeira, numa história muito louca. Vc embarca nos sentimentos da personagem logo de cara, e a segue acreditando na sua história. Basicamente é ela, com seu conforto em ser Baby Jane, que torna o filme uma outra coisa.
Roteiro... Já ouvi de alguns amigos especialistas em cinema, que há alguns enredos campeões, que prendem nossa atenção em qualquer formato, e só deixam de funcionar se todo o resto da produção for bem ruim mesmo. As variações de Romeu e Julieta se enquadram nisso, e também Caim e Abel. É o caso aqui. O conflito se dá entre duas irmãs... Tudo muito próximo ao coração do ser humano.
Uma direção competente para a época - 1962 - atuações impecáveis, e um roteiro familiar à psique humana, fazem deste suspense um justo indicado ao Oscar em algumas categorias. Ótima pedida pra quem quer ver um filme com conteúdo além dos efeitos visuais de hoje em dia.
Até a próxima!!!
JulyN.