São duas e meia da madrugada e eu estava dormindo pesado, até ser acordada por uns barulhos altos, que me assustaram. Parecia que uma janela aqui do prédio em que moro estava caindo. As janelas aqui são de alumínio, e o barulho que eu ouvia continuamente se assemelhava a algo batendo no metal. Fiquei preocupada, por que estou com visita em um dos quartos, e achei que algo pudesse estar acontecendo. Levantei para conferir. Mais acordada, percebi que o barulho vinha da rua. Eu moro no quinto andar de um prédio mais ou menos antigo, e qualquer barulho na rua vazia ecoa e é ouvido aqui como se tivesse sido produzido dentro do apartamento. Mas, enfim, quem é o ser sem noção fazendo barulho na rua às 2 da matina?
O caso é que aqui temos sobrelojas. E uma delas esta alugada para uma distribuidora de água. E estamos em São Paulo. E aqui é uma área de exclusão máxima de circulação de caminhões... Vamos explicar tudo isso direitinho...
Era uma vez uma floresta encantada chamada São Paulo. Esta floresta tinha um governante geral, chamado Gilberto Kassab. E um dia ele achou que fosse uma grande ideia impedir a livre circulação de caminhões nesta floresta, achando que isso ia resolver o problema eterno do trânsito do local. E falando assim parece mesmo uma boa ideia... Mas esta floresta em particular é conhecida por uma vida comercial agitada. Produtos têm que entrar e sair daqui em grande escala. A tal restrição de circulação funcionaria assim: durante o horário comercial e de grande circulação de carros na área central, os caminhões seriam proibidos. Ou seja, o dia todo. Em outros locais, a proibição se restringiria aos horários de maior circulação de carros, apenas. Na prática, os caminhões, então, ficaram proibidos de circular pela cidade das cinco da manhã às nove da noite. E eis o primeiro ingrediente do MEU PROBLEMA.
Os moradores desta fábula - oops, país - também não colaboram... Pra que, né? Pra que tentar pensar nos outros, né? Isso dá muito trabalho. Então, a restrição de circulação dos caminhões acontece até às nove da noite... Barulho de carga e descarga de galões de água na minha porta seria até aceitável às dez da noite, ou onze... Às duas da manhã já me deixa bastante irritada. Aí, os meninos fazendo o serviço 'brincam' de jogar os galões vazios na caçamba de metal do caminhão, e enquanto isso vão falando alto uns com os outros... Por que dane-se quem está dormindo, não é? Eles estão bem acordados às duas da manhã!
Este era o barulho de matal batendo que eu estava ouvindo, e quando me dei conta disso, brasileira anômala que sou, imaginei logo que se eu, do quinto andar, tinha acordado com essa perturbação, o que estaria sendo do senhor de uns 80 anos que mora no primeiro andar??? Agasalhei-me para esconder o pijama, e desci para pedir silêncio. Fui educada, pedi aos meninos que diminuíssem o barulho, tomando mais cuidado no manuseio dos galões. 'Eu moro no quinto andar, e o barulho de vocês está ecoando. Isto é um prédio residencial!' A resposta que eu ouvi foi de um verdadeiro brasileiro, normal, com todas as faculdades mentais preservadas (não um anômalo, como eu): 'eu sei, senhora, mas eu estou trabalhando, e não tem jeito!' Ao que eu, ainda achando estar conversando com um anormal feito eu, respondi: 'eu sei, mas vocês podem trabalhar tomando mais cuidado. Não arremessem os galões pra dentro da caçamba, evitem que eles se batam um com o outro. Eu acordei com o barulho dos arremessos...' Ele pediu desculpas, e o barulho diminuiu. Ele fez um esforço... Mas o estrago estava feito. Irritada e acordada, resolvi escrever este texto.
Quando meu sono é perturbado desta forma, para quem eu reclamo??? Quem defende meu direito de dormir??? Estou pedindo demais desta fábula??? Fico indignada com a falta de semancol dos habitantes desta floresta, irrito-me, quero que melhore. Mas é possível???
O MEU PROBLEMA é o SEU PROBLEMA??? Opine, deixe sua história nos comentários. Eu vou estudar para tentar encontrar a resposta para meus questionamentos, e quem sabe isso não vai te ajudar também?!?
JulyN.
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