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29 de fev. de 2016

Sobre o Oscar: a apresentação de Chris Rock.

Chris Rock em foto promocional da premiação.
Cortesia e E! Online.

Olá, amigos e amigas. Tudo belezinha com vocês? Espero que sim... Depois de algumas horas loucas ouvindo um tradutor em espanhol falar por cima de toda a premiação, aqui estou eu, depois de baixar e assistir apenas aos trechos das piadas do Chris, com som original, para poder avaliá-lo. 

Primeiro deixa eu esclarecer que não tenho um histórico muito bom com Chris. Pra começar, nunca gostei do jeito ácido dele de fazer piada com as diferenças raciais, enquanto colocava muita pimenta em olhos alheios. Não acho que para protestar contra uma injustiça, você precise fazer outras. Esta era a minha opinião sobre ele, quando o conheci, novinho, começando a se destacar no universo do stand up. Passei a nutrir uma certa antipatia por ele por causa disso. 

Antipatia essa que só aumentou quando ele foi convocado, no final dos anos 90 - não lembro a data exata - para apresentar um MTV Music Awards. Bacana, legal. Mas ele levou todo seu sarcasmo para a apresentação, e usou dele para ofender os artistas, quase que de uma maneira gratuita. Horrível. Lembro especialmente que na época A.J. Mclean, do Backstreet Boys, estava saindo de um longo período de recuperação do vício em bebidas, e esta informação era pública e notória. Todos os fãs e simpatizantes - meu caso - aplaudindo o esforço que ele tinha feito, e a coragem que a banda teve em ir à público, numa tentativa também de alertar aos jovens. Bacana, muito bom mesmo. Ninguém é perfeito. Os heróis não são os que fazem tudo certo. São os que batalham pra corrigir seus erros, e conseguem. 

Aí, depois que a banda ganhou um prêmio, volta Chris Rock ao palco e faz uma piada muito idiota sobre convidar A.J. para tomar uma champanhe e comemorar. Ele falou mais algumas groselhas à respeito disso, sobre os viciados em álcool, e foi extremamente julgador e injusto. E foi aí que minha antipatia por ele cresceu demais. 

Anos - literalmente - se passaram, acho que Chris deve ter recebido algumas críticas mais furiosas, e foi refinando seu número. O grande pulo do gato, pra me fazer aceitá-lo melhor foi a série 'Todo Mundo Odeia o Chris', aonde ele retrata sua infância. O principal, em minha humilde opinião, está lá. Seus pais deram muito material enquanto ele crescia pra ele escrever Julius e Rochelle, de uma forma tão humana, e tão identificável com todo mundo que cresceu nos anos 80, que, apesar da série contar as aventuras dele, todos concordam que as estrelas do show são os atores Terry Crews e Tichina Arnold, respectivamente o pai e mãe de Chris na série. 

De repente estávamos falando de um ser humano deveras inteligente em suas observações, deveras político, deveras bem criado por pais honrados, precisando só colocar um filtro na boca. E não sei se foram as porradas da vida, mas Chris foi de fato polindo suas piadas. Ficou mais fácil gostar dele. E ficou impossível não amar o filho de Christopher Julius Rock II depois de assistir ao episódio de Inside the Actors Studio em que ele é entrevistado. Chris fala de seu pai com um amor, com um respeito e com uma reverência que, juntamente à bela atuação de Terry Crews na série, mesmo sem conhecer o homem de fato, passamos a amá-lo, e amar tudo que vem dele. Incluindo Chris Rock!



E foi assim que passei a gostar desse cara que faz piadas sobre racismo, acentua bem os conflitos neste campo, mas que, ao mesmo tempo, com o passar dos anos, ganhou uma imensa sabedoria de observar antes de falar, e de falar para causar, em boa parte do tempo, mudanças positivas em seu entorno. Sem deixar a piada de lado, claro. 

E foi isso que vi no Oscar deste ano. Chris, ao invés de declinar o convite de apresentar, como muitos de seus colegas de cor urgiram para que ele fizesse, compareceu, e passou a noite adocicando este conflito. Em seu monólogo, inteligentemente, deixou claro que Hollywood é um reflexo do que acontece na sociedade. Houve outros anos em que negros não foram indicados, ele ressaltou. São 88 anos de Oscar, e poucos negros ganhadores. Por que só agora reclamam? Com muitas piadas, salgando um pouquinho no sarcasmo de vez em quando, ele foi levando a festa, mostrando as várias nuances desta polêmica, e como, de fato, foi criada uma situação agora, com elementos que sempre estiveram lá. Ponto para ele. 

Apesar de toda essa polêmica e dele ser Chris Rock, a noite foi agradável, ele foi agradável, e arrisco-me a dizer, pela primeira vez, que não me importaria em tê-lo de novo lá, no ano que vem. Se ele não tiver sido morto pelo pessoalzinho do Suge Knight, claro... Refiro-me às piadas que ele fez durante a noite referentes ao magnata da música. Magnata este que é um perigo e está preso aguardando julgamento por assassinato. Detalhe, ele é negro... E Chris também tocou nesse assunto importante. Quer ser indicado ao Oscar? Pára de roubar e matar e faça filmes... E, aos empresários do cinema brancos: queremos ser indicados, então nos contrate. Ele apontou que para que um negro chegue ali, indicado, é preciso antes ter sido contratado para fazer filmes. 

Ponto pro Chris, achei até que ele foi melhor que a Ellen em quebrar o gelo com os astros, com a brincadeira dos biscoitos das escoteiras - ele botou um grupo de escoteiras vendendo biscoitos para os astros -, e acho que ele merece aplausos, tapinhas nas costas e um 'volte ano que vem'. Quem sabe até lá, não teremos alguns indicados negros nas categorias de atuação?



JulyN.
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Sessão pipoca - Minions, o Filme.

Cortesia de Forbes.


Olá, amigos e amigas. Tudo belezinha com vocês? Espero que sim... Faz um tempão que assisti a este filme, dos Minions, uma espécie de spin-off do famoso e divertido 'Meu Malvado Favorito'. E por que estou só comentando agora? Hum... Não tenho uma resposta para isso. Só por que estou aqui assistindo ao Oscar, e tenho que fazer alguma outra coisa junto, que exija minha atenção, para não dormir. 

Enfim, quando o primeiro trailer do filme for lançado, eu fiquei muito animada. Meus amigos sabem que adoro bons desenhos animados, e boa comédia. E o trailer prometia as duas coisas. Fiquei bastante ansiosa. 



Não consegui ir ao cinema quando ele esteve em cartaz, em 3D. Era uma vontade minha. Acreditem, ainda não assisti a nenhum filme neste formato!!! Acabei vendo o desenho em casa mesmo, quando ele saiu em DVD. E, caramba, como fiquei grata de não ter gasto meu tempo e dinheiro indo ao cinema, depois de assisti-lo. Não me levem à mão. O filme é divertidinho. Mas é só isso. Tudo o que o trailer prometia - piadas rápidas, referências sagazes, e preciosismo em imagem - não se traduziu no filme. O roteiro - que é sempre uma das partes que mais analiso - é fraquinho, não existe durante todo o desenho uma única imagem que valha de fato o 3D, e as piadas fazem referências à cultura pop dos anos 80 e 90, embora toda a ambientação e roteiro seja voltado descaradamente ao público de menos de 6 anos. Então, ele não atinge nada no fim... Por que as referências que agradariam os adultos estão diluídas no meio de uma historinha fraca que só serve pra distrair crianças do jardim de infância. 

Foi, de fato, pra mim, uma grande decepção... Uma pena, pois tinha muita fé nos Minions. O filme não chega aos pés da genialidade sútil e divertida do Malvado Favorito. 



JulyN.
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28 de fev. de 2016

Tentando assistir ao Oscar sem gente falando em cima...

Promo cedida por Oscar.


... e falhando miseravelmente.

Tudo belezinha com vocês, amigos? Espero que sim... Estou aqui, assistindo ao Oscar ao vivo, transmissão da TNT latina... É... Tentei achar um bom canal online de transmissão do ABC, responsável pela organização e transmissão da festa nos Estados Unidos. Mas não achei nada bom. Achei sim alguns daqueles sites piratas. Mas a transmissão ficava pausando, e eu estava perdendo muita coisa com isso. Fora a falta de paciência... TNT Brasil, ou Globo?!? Nem pensar! Detesto os tradutores daqui, que tiram todo o sentido das piadas contadas na premiação. E a única graça da Globo era o Zé Wilker... E, este ano em especial, com toda a polêmica do boicote à premiação por parte de muitos artistas negros, e com Chris Rock apresentando - pra quem não sabe, ele é conhecido por suas piadas raciais - eu queria muito assistir à premiação com seu áudio original. Mas, enquanto o tempo passava, tudo o que consegui lograr foi uma bela transmissão, em HD, sem pausas, da TNT Latina... Significando que o idioma falado em cima do áudio original seria o Espanhol...

Poxa!!! Não consigo assistir ao Oscar ao vivo como ele veio ao mundo?!? Bom... Acabei cedendo ao Espanhol, e pensando que talvez isso fosse bom para que eu treinasse a pronúncia no idioma. Qual minha surpresa ao perceber que fico menos irritada com um cara com língua dura, batendo no palato o tempo todo, falando por cima de alguns dos meus astros favoritos, do que com Rubens Ewald Filho ou qualquer tradutor usado no Brasil, errando de forma grotesca à vezes a translação das piadas. Ok, já que é assim... 

Aqui estamos nós assistindo ao Oscar em Espanhol... Mas as emissoras nacionais poderiam começar a pensar em duas coisas: transmitir a festa toda, desde o início, já que ela é bem mais divertida do que o Big Brother, e ter uma versão de transmissão com som original, sem gente falando em cima, em qualquer canal que fosse... Seria tão legal... Nem todos nós temos problemas com o Inglês por aqui...



JulyN.
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19 de fev. de 2016

Sessão Pipoca: Guia dos Escoteiros para o Apocalipse Zumbi...

Foto cedida por Olha o que Eu Vi.
Duas coisas me espantam no título desta postagem. Existe de fato um filme com este nome, e é novo; e, contrariando qualquer expectativa que eu pudesse ter em relação a ele, eu gostei!!!

Olá, amigos e amigas. Tudo belezinha com vocês? Espero que sim... E, é isso aí. Eu gostei de um filme que coloca zumbis, escoteiros, apocalipse e guia, tudo na mesma frase. E, acreditem, o título em Português é uma tradução fiel do original em Inglês. Qualquer pessoa acostumada à filmes com roteiros mais complexos e assuntos mais sérios, iria fugir de um título desses. E, se a pessoa no caso ainda não se sentisse nada impelida por roteiros que envolvem zumbis - simplesmente não gosto desta temática -, isso seria motivo suficiente para nem sequer cogitar assistir ao filme. Então por que cargas d'água o assisti? 


É... De vez em quando um novo ator chama minha atenção, por sua profundidade inversamente proporcional à idade. É o caso aqui. Ainda prefiro J.R. Villarreal, que também mirim, me encantou por sua expressividade. Mas Tye também tem alguma coisa, e espero que não perca o borogodó à medida que for crescendo na indústria. Ele é uns dos novos atores badaladinhos do momento. E aí, por conta dele, eu resolvi fazer o tremendo esforço de assistir a essa epopeia do cancioneiro adolescente. 

Não se iludam. O filme é exatamente o que promete. Roteiro idiotinha, desculpa esfarrapada pra ter meninas bonitas e meninos bonitos na tela por mais de uma hora, gritinhos e coisas absurdas. Pacote de filme adolescente completo. O caso é que você se desarma de qualquer preconceito rabugento logo na abertura do filme. No papel de um zelador, encarregado da limpeza de um laboratório, o ator Blake Anderson dança com fones nas orelhas, de forma bastante convincente, e cria toda a ambientação para o filme de forma singular. Depois de vê-lo, você pensa: tá, pode até ser que eu me divirta vendo isso. 





E aí você já está disposto a engolir aquela baboseira adolescente toda. Um grupo de escoteiros nerds e deslocados no ambiente escolar, uma paixonite não correspondida, garotos populares esnobando os escoteiros, e se ferrando quando, por descuido do zelador dançarino, a cidade é tomada por uma epidemia zumbi... Por que, fica óbvio o que acontece. Não é segredo... Mas não vou contar pra não estragar a experiência de ninguém. O caso é que o diretor do filme conseguiu imprimir um excelente ritmo pra coisa toda. A edição acompanhou a onda. As cenas são rápidas, ágeis, os diálogos são críveis, a garotada convence e diverte, e Tye Sheridan é lindo.... Tá, vamos ignorar essa parte, por que pra ele sou uma tia... Mas, fato é que este filme é prova de que um bom conjunto pode levantar o moral de um roteirinho medíocre. 

Do meio para o final dele, eu estava presa à cadeira, rindo e curtindo tudo. Um espanto, levando em conta que o filme foge completamente do que estou acostumada a aplaudir. Mas estou aprovando a película, e recomendando. Pare pra assistir naquele dia de merda em que deu tudo errado. Você vai me agradecer depois. 



JulyN.
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18 de fev. de 2016

Um assunto que está incomodando...

Apresentação de Kendrick Lamar no Grammy.
Foto cortesia de Tenho Mais Discos que Amigos.
Olá, amigos e amigas. Tudo belezinha aí? Mais uma vez eu tento muito, com muita força, ignorar um assunto, por que acho que certas coisas não merecem cartaz, de tão absurdas que são. Mas aí as coisas vão se acumulando, os fatos vão se repetindo, e a gente tem que acabar discutindo certas coisas, que não deveriam nem mais fazer parte de nossos vocabulários. Desta vez estou sim falando de racismo. 

Aguardem minha postagem sobre o Grammy deste ano no Addicted to Music. Mas aqui, quero falar de algo específico que aconteceu, por que estamos lidando com o assunto em época de premiação. Quando nenhum candidato nas categorias de atuação, negro, foi indicado ao Oscar deste ano, vozes se levantaram. Especialmente da esposa daquele que sim, merecia a indicação, e foi solenemente esnobado: Will Smith. E aí poderíamos dizer tratar-se de dor de cotovelo. Afinal de contas, o maridão não foi indicado num filme que ela produziu...

Fato é que Will não foi o único esnobado. Jason Mitchell, de 'Straight Outta Compton', também foi. Mas aí poderíamos argumentar que esses foram os únicos dois grandes filmes a ter atores negros em papéis de destaque este ano, talvez? Ou que, Leonardo Di Capprio vem sendo esnobado há muito tempo, e ninguém nunca falou que a academia não curte gente de olhos azuis, sei lá... Se tivesse parado por aí, estava tudo certo...


Aí veio a premiação da música. Grammy Awards. E estavam todos contentes. Kendrick Lamar, rapper que lançou ano passado um álbum super inovador, que arrancou elogios até mesmo de David Bowie pela qualidade, foi sim indicado a 11 prêmios. Negada feliz e contente... Justiça estava sendo feita. Era o que todos achavam até vir a noite da premiação. Kendrick ganhou 5 gramofones. Todos em categorias específicas de música feita predominantemente por negros... O principal questionamento veio na premiação de álbum do ano, aonde todos acreditavam que sim, o dele era o melhor. Taylor Swift acabou levando este gramofone, pasmando a toda opinião pública, com exceção dos fãs dela, claro. Nada contra a moça, acho até que ela é uma excelente influência para os jovens. Mas comparar o álbum dela, que é de um pop bacana, bem feito, mas superficial, à porrada Hip Hop de Lamar, com profundidade e discussões existenciais e sociais importantes, além de um trabalho de melodia muito bem feito, com influências do Jazz, Rock, Gospel, R&B e do próprio Hip Hop, é de fato ignorar o bom gosto musical da população geral. 


Taylor Swift. Foto cortesia do Guinness Book.

E aí comecei a me perguntar o que acontece com esse povo que vota nessas premiações. Por que parece que ser bom, apenas, não está bastando. As pessoas agora têm que se enquadrar num molde. E isso é deveras perigoso. Por que perdemos variedade. Tem coisas que espero a noite do Grammy para conhecer. Música que resolvo dar atenção depois que vejo lá. E, numa nota pessoal minha, senti muita falta de Jason Derulo. Enfim... Perdemos quando a indústria fica assim, babaca, cheia de convenções e moldes pré-estabelecidos. Independente de raça... Por que Kendrick Lamar de fato fez um álbum muito digno. Jason Derulo fez o melhor álbum de R&B dos últimos tempos. Jason Mitchell escreveu seu nome na história do cinema, roubando a cena num filme em que o destaque era o filho do produtor, cópia do pai. Will Smith fez um excelente trabalho contando uma história real, que merece ser vista... E perdemos quando não reconhecemos, quando não damos espaço na mídia para esses trabalhos. Eu mesma, estava muito desgostosa com os rumos da música, simplesmente por que Kendrick Lamar não chega a mim como chega Taylor Swift, com a mesma força, e a mesma máquina de propaganda. 



Enfim, estamos ficando assim babacas, culturalmente falando?



Ah, é, numa outra nota pessoal, claro, ouvi inúmeras notícias sobre a morte de David Bowe. Ouvi algumas sobre a morte de René Angelil, marido e empresário de Celine Dion... Não ouvi nadinha na mídia popularesca sobre o falecimento de uma grande lenda da música: Maurice White, fundador e produtor da banda Earth, Wind & Fire.


Tudo isso junto e hoje um amigão meu postou um belo vídeo de Muhammad Ali falando sobre racismo. E discutimos - no sentido de debater - à respeito. Eu falava pra ele que gosto da maneira como Morgan Freeman vê as coisas. Nós, como sociedade, temos o péssimo costume de dar privilégios às minorias como forma de combater injustiças. Aqui no Brasil, especialmente. É o dia da consciência negra, é a cota para ingresso na faculdade, é a lei específica que pune com mais rigor quem maltrata negros... Pois bem, olha como vejo as coisas - que é a abordagem de Morgan Freeman -: se não temos um dia da consciência japonesa, judaica, cristã e o diabo à quatro, por que temos que ter o da consciência negra? E o tal dia do índio também. Nesse dia respeitamos essa pessoas. No resto tá tudo bem massacrá-los, né? damos cotas pro negro entrar na faculdade, ao invés de melhorar o sistema de ensino para que ele possa competir com todos os outros nas provas de vestibular, em pé de igualdade. E, punimos mais quem espanca um negro do que quem espanca uma criança branca. Por que? Bater em negro não pode, mas na criancinha branca tá tudo ok? Quero mostar o vídeo de Muhammad Ali para vocês... Achei o cara de uma eloquência e de uma inteligência social ímpar naquele momento. 




Muhamed Ali fala sobre o racismo nos Estados Unidos com ironia e inteligência.
Publicado por Iconoclastia Incendiária em Sexta, 8 de janeiro de 2016


Colocamos meninos e meninas com baixa escolaridade - por conta das péssimas condições da escola pública - na faculdade e os formamos profissionais diplomados que não sabem nem escrever paralelepípedo. Um negro diplomado que não sabe ler e interpretar texto ainda é um negro, e ainda vai sofrer preconceito por toda uma vida. Dar a ele um diploma, somente, não vai corrigir a cabeça de cada brasileiro que age com racismo. O que esse país precisa é educação para todos, de qualidade, independente da cor da pele, do credo, da nacionalidade. Mora aqui, e paga imposto, tem direito a uma escola que forme um bom cidadão. Simples assim. E enquanto tratarmos os negros como uma minoria oprimida que precisa de incentivos e subsídios para que nossas consciências fiquem mais leves, eles continuarão segregados, pois continuarão de fato não recebendo o mesmo tratamento das outras pessoas. Os negros não precisam de privilégios. Precisam sim é serem tratados como cidadãos. Ser negro não exclui ninguém de nada. Pelo menos, não deveria.

Quanto à indústria do entretenimento norte-americano, acho que ela reflete o que se passa na sociedade como um todo. Aqueles que não têm aparência de príncipes e princesas europeus, ou que incomodam com suas verdades bem mostradas em filmes e músicas, acabam por serem excluídos, por que incomodam àqueles que querem permanecer ignorantes. Cabe a nós, as pessoas que acham que não é essa a maneira de conduzir as coisas, mostrar ao mercado que queremos sim ver e ouvir esses artistas. Comprando seus álbuns, indo a seus shows, indo aos cinemas prestigiá-los, perturbando os CEO's das grandes empresas quando aquele filme bacana que você queira ver não for colocado em rotatividade nos cinemas da sua localidade. Demonstrar monetariamente o que queremos. Consumir qualidade, e não aparência. Quem sabe assim revertemos essa situação. Claro, tô partindo do pré-suposto que queremos qualidade e variedade, né? Por que se de fato não rola essa 'querência', então ignorem todo esse texto, por que está tudo certo...



JulyN.
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Claudia Leitte e lei Rouanet...

Não sei quem fez o trabalho.
Olá, amigos e amigas... Tudo belezinha com vocês? Espero que sim...

Eu normalmente faço uma força pra ignorar algumas coisas fabulosas que acontecem neste país, pela mera necessidade de manter minha sanidade mental. Também não gosto de estar toda hora sendo a chata que reclama de tudo, pois também não sou perfeita - tenho meus esqueletos no armário -, e já ouvi de um amigo meu que cada povo tem o governo que merece. Por isso, antes de reclamar de qualquer coisa, gosto de fazer aquela reflexão chata e deprimente sobre meus próprios atos, e sobre se eu, como povo, não ajudo a perpetuar os maus hábitos. E, normalmente, a resposta não é agradável. Por isso, normalmente me resta enfiar o rabinho entre as pernas e seguir adiante. 

Mas, de vez em quando, um assunto fica tão na minha cara, e as pessoas ficam repetindo a cantada, que acabo me contaminando e o dedinho começa a coçar. Aí desligo todos os botões do bom julgamento, e resolvo falar... Por que somos todos assim, fofoqueiros, e imperfeitos. 

Desta vez vamos falar de uma notícia que circula sobre a cantora Cláudia Leitte - só assim pra ela aparecer aqui neste blog - e a tal lei Rouanet. Recebi um desenhinho, figurinha, ou como queira chamar isso, com a foto da cantora, e dizeres que deixavam claro que a pessoa portadora daquela figura não queria financiar a biografia da cantora. Oi? Nós vamos financiar alguma coisa? Fui pesquisar para saber o que de fato estava acontecendo...

Cláudia Leitte, esta mega famosa cantora de axé, agenciada por empresa própria aqui no Brasil, e agora, pela empresa de Jay-Z (o rapper mais rico do planeta) na gringa, teria feito um pedido via projeto protocolado de verba no valor total R$540.000,00 para financiar a produção e lançamento de um livro sobre ela mesma, contendo por conteúdo uma entrevista exclusiva, partituras de suas principais músicas e um book fotográfico. O projeto não foi rejeitado, mas a verba liberada teria sido de R$356,000,00... Ou seja, ela teria que economizar no tipo de papel de impressão, tadinha... 

Piadocas à parte, você aí que não sabia disso deve estar se perguntando: como isso foi possível? Por que ela conseguiu basicamente verba pública - que nós pagamos através de imposto - para produzir um trabalho sobre ela mesma que, ao meu ver - e vejam, aqui é questão de opinião mesmo - não trará nenhuma inovação, ou não fomentará nada artístico, cultural ou educacional para a população como um todo? Como foi que ela conseguiu essa verba?

Pois é... Aí temos que falar da tal lei Rouanet, como foi apelidada, em homenagem à seu criador, o então Ministro da Cultura Sérgio Paulo Rouanet. E então era quando? 1991, no mandato curto do presidente Collor. Arrancamos ele de lá... Mas não antes deste sinal do fim dos tempos que é essa lei. Por que, claro, seu filho vai pra escola pública e não aprende nada. Você vai ao médico, e tem que dar graças à Deus se chegar vivo em casa. Pagamos pra andar em pé num ônibus, seus carros duram menos aqui do que durariam na Europa, por que as estradas aqui não recebem manutenção.... Mas podemos gastar verba pública pra financiar livros, cds e dvds, e shows, e peças teatrais de artistas que não conseguem levantar dinheiro com a iniciativa privada sozinhos. Tá sobrando, né? 

Aí, pra não dizer que estou falando de algo que não conheço, resolvi entrar lá no site do planalto, e ler a lei toda, pra poder esclarecer algumas coisas... Você pode conferir todas as leis no site, mas clique aqui para ver a Lei Federal de Incentivo à Cultura, nome de fato da Rouanet. 

Foto cortesia da Petrobrás.
A primeira coisa que reparei é que já existia, desde 1986, um tal de Pronac - Projeto de Apoio à Cultura -, na Lei 7.505. E o que é que esse Pronac fazia? Basicamente outorgava benefícios fiscais (descontos em impostos) para empresas privadas que fomentassem a produção cultural e artística no país. Então, vamos exemplificar de maneira bem tosca, só pra todo mundo entender. Naquela época, se eu quisesse fazer um filme, por exemplo, e o mercadinho da esquina financiasse meu filme, eles conseguiam com isso, a dedução desses valores, usados na minha produção, do imposto de renda. Justo? Não sei... Num país que não tem sequer educação de primeiro grau descente, um filme não trás benefícios à boa parte da população. Mas, se formos ser menos rígidos, a produção de um filme emprega muitas pessoas, e este é um mercado que, quando fomentado, movimenta valores e aquece uma micro economia. Então, vá lá, a dedução de imposto acaba favorecendo indiretamente algumas boas coisas. Estamos aqui falando de um cenário ideal. 

O que acontecia de fato? Eu sou o mercado, você, o produtor do filme. Você precisa de dinheiro pra tocar seu projeto, eu preciso sonegar um imposto e ficar com um pouco mais de caixa na minha empresa... Você preenche a papelada dizendo que te dei R$100.000,00, eu te dou R$75.000,00, e todos saem ganhando... Na prática, era pra isso que essa lei servia. Havia também um fundo de captação de recursos... Ou seja, os projetos culturais já davam uma mordiscada em nossos bolsos, mas, normalmente esses eram voltados para o público de baixa renda e tinham acesso gratuito. E boa parte do dinheiro do tal fundo era CAPTADO pelo ministério entre parceiros empresariais que, em troca, recebiam mais incentivos fiscais. 

Aí, em 1991, aparentemente o governo, e também os artistas do país, achou que isso era pouco. E a nova lei foi aprovada, com pompa e circunstância. Muita gente comemorando, eu lembro. E o que essa lei trazia de novidade, além de abarcar o Pronac? A lei criava o Fundo Nacional da Cultura e também o Fundo de Investimento Cultural e Artístico. Toda vez que falamos em fundo, falamos num caixa com dinheiro destinado à alguma coisa. Dinheiro da onde??? Se a lei é Federal, e o fundo foi criado por um ministério, advinha da onde sai o dinheiro... Este é o cerne do FNC. O Fundo de Investimento, assim como o fundo do Pronac, conta com captação de verba particular através dos contatos do ministério público, e de incentivos fiscais. Então, não, não somos somente nós que estamos financiando os projetos artísticos. O Ministério da cultura de fato capta o dinheiro da iniciativa privada, prometendo muitos incentivos fiscais e mamatas pelo caminho. O ministério recebe um projeto, capta o dinheiro necessário e repassa para o artista, também livre das taxações de impostos. Então, de fato, não damos dinheiro do caixa do governo para o artista. mas, deixamos de arrecadar de empresas e do artista, que pode vender e obter lucro com parte de seu projeto.

Foto de 'Belezas de uma Peça Teatral',
cedida por Cultura Mix.
E quais são os critérios para se dar dinheiro ao artista? Ele tem que ter um projeto que vá trazer benefícios a boa parte da população, na disseminação cultural e artística. Ou seja, qualquer coisa que seja distribuída numa escala média para larga e tenha um alcance razoável de público, não importando ser pago ou gratuito, tem aval da lei para receber o incentivo fiscal, no caso de ter patrocínio particular, e o incentivo monetário e fiscal, se o ministério da cultura decidir que deve colocar dinheiro  projeto. Deu pra indignar? Ou querem mais?

Então você é um ator, por exemplo. E quer montar uma peça. Mas não conseguiu patrocínio particular pelas vias de mercado. Você faz um projeto, diz a que público se destinará sua peça, quanto você pretende gastar com a montagem, se pretende ou não cobrar ingresso, e, se o ministério da cultura aprovar seu projeto, você recebe dinheiro doado, com incentivo fiscal, para montar sua peça. Aí, você está se perguntando se, neste caso, o fomento da economia não valeria... Sim... Atores contratados, pessoal da produção... Você pode sim pensar desta forma. E não está errado. Mas estamos com sobra de verba pra isso? É só o que pergunto. 

Aí, veio a Cláudia Leitte, pessoa que teria, teoricamente - não sei de fato o alcance da popularidade dela -, condições de levantar o dinheiro pela iniciativa privada para a produção e VENDA de seu livro, e ainda contar com o Pronac para conseguir convencer investidores. O que seria bem legal, os fãs com certeza iam adorar, ia ser bacana. Tenho certeza que venderia bem. Mas, não, ela faz um projeto de livro ousado, num país de semi-analfabetos, e pede dinheiro público para financiá-lo e mais incentivo fiscal para quem ajudar a financiar... Das duas mil cópias previstas no projeto, 900 delas seriam distribuídas gratuitamente às escolas e bibliotecas públicas do país, e talvez esta tenha sido a questão que fez com que o projeto fosse aprovado. Por que você, aluno do ensino fundamental, precisa ver fotos produzidas de Cláudia Leitte na biblioteca da sua escola, já que a matemática, o português e os estudos sociais - é assim que chama ainda? - estão cobertos com bons, corretos, bem editados livros didáticos, né?

O projeto dela foi aprovado seis dias antes do Tribunal de Contas da União, querendo fechar a torneirinha aberta do governo por conta da crise, proibir a aprovação de projetos que tivessem potencial lucrativo. Ou seja, basicamente, no presente momento, somente projetos gratuitos ou de baixa lucratividade são aprovados para receber verba do fundo cultural. Mas, a verba para o livrinho de Cláudia Leitte foi aprovada.

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, do dia 17/02/2016, a assessoria de Cláudia ficara sabendo da aprovação do projeto no dia anterior. Mas, que por outras circunstâncias, este já estava sendo abortado pela equipe, e que o Ministério da Cultura receberia a documentação para o extermínio do pedido. Em outra citação, a assessoria garantiu que são maldosas as notícias de que a cantora se beneficia em muitos de seus projetos do incentivo fiscal (Pronac). Cláudia há algum tempo vem sendo acusada na mídia de abusar do recurso da lei. 

Foto cedida por Mateus Simões.
Enfim... É isso... Parece mesmo que o livro não será feito... E, esclarecendo, não, não sai dinheiro dos cofres públicos para financiar os projetos artísticos. Mas eles também não fazem entrar nada. Nem de quem os patrocina, nem deles mesmos, que acabam sendo beneficiados pelo incentivo fiscal. Mas fica aqui o alerta. Neste país, se fossemos ser criteriosos, tínhamos que dormir com os olhos abertos, por que muita coisa acontece sem que tomemos conhecimento. E, para você entender como este recurso, que deveria servir à população, acaba sendo mau usado, confiram este link.



JulyN.
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6 de fev. de 2016

Essa coisa do dia do amigo...

Cedido por WorldArtMe.
Olá, amigas e amigos. Tudo belezinha com você? Espero que sim...

Por esses dias o Facebook foi inundado por vídeos que eram montagens de fotos. O próprio aplicativo, por conta do tal dia do amigo, se oferecia para editar um vídeo com fotos de seus momentos felizes com seus amigos... Hum... Vamos, só por um momento, fingir que a gente acha de fato que o que postamos na rede social corresponde à realidade de nossas vidas, só pra podermos prosseguir com essa postagem. 


Será mesmo?

Gostaria de saber de vocês, pra quantas pessoas que estão na sua lista de amigos do site, vocês de fato confidenciam alegrias e tristezas. Por que da última vez que chequei, ter um amigo é isso. É poder comemorar junto, chorar junto, é ser entendido, é ser afagado... É olhar pro lado e ter este espaço preenchido. Meu Facebook deve ser um horror mesmo, por que sim, tenho alguns amigos lá. Mas não os conheci através da rede social. De fato ela é bastante coadjuvante no que tange minha vida social, com raríssimas exceções. 

Eu devo ser um E.T. neste mundo... Por que não fico exibindo minhas alegrias, e nem minhas tristezas, na rede. Não fico postando fotos das festas que vou, das roupas novas que compro, das coisas que tenho. Por que as pessoas não precisam saber. Quem precisa saber, ou quem eu quero que saiba, tem meu telefone, sabe aonde moro, e fala comigo por outras vias... 

Não fiz o vídeo do dia do amigo, por que meu Facebook não retrata minha vida. E eu acho que seria minimamente esquisito que minhas interações na rede social aparecessem como sendo minhas grandes amizades, por que não são - de novo, com raras exceções. Se eu fosse depender da maior parte das pessoas naquela rede para me sentir melhor comigo mesma, ou menos só no mundo, sinto informar, mas essa seria a sensação...

Cedido por Giphy.

Os meus amigos de verdade, eu chamo pelo telefone quando preciso, ou quando quero estar com eles. Os que moram longe, ainda assim não dependem da rede social para me ter em seus corações, e vice-versa. Um dos 'locais' em que me sinto mais sozinha é de fato a rede social. Tanta gente lá, e ninguém está prestando atenção em mim de verdade. Então, não, não fiz o vídeo do dia do amigo, por que meus amigos sabem quem são, e eu falo pra eles pessoalmente, olhando nos olhos, e regularmente, que eles são importantes pra mim. Nenhum vídeo supera isso...





JulyN.
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